sexta-feira, 15 de maio de 2009

Monsieur Alexandre Aimé Ernest Roche


Professor de francês no exterior desde 1946, Monsieur Roche iniciou suas atividades pedagógicas na Alexandria, no Egito, vindo posteriormente ao Brasil, onde ocupou o cargo de diretor da Alliance Française de Natal, Rio Grande do Norte e, sucessivamente, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Por sua experiência na profissão, o professor Alexandre Roche percebeu a necessidade da criação de um método de ensino de francês diferenciado, voltado e adequado ao aprendizado do francês por alunos brasileiros. Inspirado por Piaget e Wallon, desenvolveu então sua própria metodologia. As aulas, no início, eram ministradas para um pequeno grupo de alunos, na já antológica sede da Rua Uruguai. Hoje, com mais de 30 anos de experiência, o Instituto rendeu frutos. Por suas salas de aula já passaram cerca de 8000 alunos. Localizado desde 1988 na Rua Ramiro Barcelos, o Instituto Roche conta com uma equipe de professores capacitados, que recebem orientação dos diretores pedagógicos, Monsieur e Madame Roche, para aplicação do método nos cursos oferecidos. Fonte: http://www.institutoroche.com.br/instituto.html, acessado às 13:00, 15 de maio de 2009. ____________________________________________________________________ Entrevista concedida pelo Professor Roche ao jornal Zero Hora (dia 21 de maio de 2009):
Conexão França
Seminário que começa sábado em Porto Alegre celebra a contribuição francesa ao mundo da cultura
Importante referência intelectual do Rio Grande do Sul, o historiador e professor Alexandre Roche é o conferencista que abre na manhã de sábado, no Teatro Renascença, em Porto Alegre, o Seminário de Cultura Francesa. O evento vai contar ainda com a participação dos professores Paulo Gomes (falando sobre artes visuais) e Luís Augusto Fischer (literatura) e do chef Philippe Remondeau (gastronomia), entre outros convidados. A ideia é mapear a vasta contribuição cultural francesa. A programação, orquestrada pela Coordenação do Livro e Literatura da Secretaria Municipal de Cultura, integra as comemorações do Ano da França no Brasil (confira no quadro ao lado como fazer sua inscrição). Francês nascido no Egito, radicado há mais de 40 anos em Porto Alegre, personalidade carismática e muito benquista, Alexandre Roche vai falar sobre a chamada “civilização francesa” e sua reverberação no mundo ocidental. Na entrevista a seguir, ele antecipa alguns pontos de sua fala, marcada por uma visão humanista e transformadora. Zero Hora – Como se formou a noção de “civilização francesa”? Alexandre Roche – Ela se formou há muito tempo como uma síntese entre o espiritualismo dos druidas gauleses e a profundidade do pensamento greco-romano, introduzido por Roma. Essa síntese foi também estendida e sustentada pelo Cristianismo. Esses três eixos espirituais prepararam a busca constante por um ideal de progresso universal em teologia, filosofia, letras, artes, ciências e técnica. Isso ocorreu ao longo dos séculos e sob o impulso de uma elite intelectual ligada a um povo numeroso e ativo, que se tornaria uma Nação, os dois – a elite e o povo – amparados por um Estado centralizador, com explosões espirituais que tocam o mundo inteiro. ZH – Em uma certa medida, essa noção de civilização francesa confundiu-se no passado com a ideia de expansionismo colonialista. O senhor acredita que isso ainda pesa na percepção de países como o Brasil em relação à França? Roche – Em 1880, Jules Ferry e Gambetta acreditaram que era possível estender a civilização material e espiritual da França aos povos da África e da Ásia, projetando assim uma França então abalada pela derrota diante da Alemanha de Bismarck, em 1870 e 1871. Muito rapidamente, a elite intelectual francesa descobriu o horror do colonialismo (Romain Rolland, Anatole France, André Gide) e o denunciou justamente em nome da civilização francesa: a Liberdade do Iluminismo, a Igualdade da Revolução de 1789, a Fraternidade do Cristianismo, dos espíritas, dos maçons, dos positivistas e dos socialistas. O Brasil foi a terra de eleição do Positivismo e representou, durante muito tempo, o caro discípulo que descobriria, no pensamento francês, a ideia de civilização. ZH – O senhor, que conhece tão bem a vida cultural da França e do Brasil, como enxerga as contribuições possíveis entre essas duas forças? Roche – O diálogo entre o Brasil e a França deve ser entre forças iguais: uma dominada por um determinismo geográfico e outra por um determinismo histórico, diálogo de uma grande franqueza, no qual cada um deve respeitar o outro, sem preconceitos e sem estereótipos. A França pode e deve colocar seu avanço tecnológico a serviço do Brasil, sem buscar vantagens imediatas, sejam materiais ou políticas. O Brasil, por seu turno, com um território rico e vasto, uma população numerosa e dinâmica, um espírito modernizador, pode e deve oferecer vantagens materiais e espirituais sem buscar benefícios imediatos. É na continuidade do esforço que as duas forças descobrirão a grandeza.


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Material exibido durante a palestra de Monsieur Roche:


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